13.8.14

Drive e velocidade - pensamentos livres

Nos últimos tempos, eu tenho pensado muito sobre motivação, drive e o que produz uma performance de ponta. As dificuldades que eu tive com a Dory, os desafios de treinar com a Wish e os desafios que amigos passam e dividem comigo são o combustível dessa minha onda introspectiva de raciocínios.

Como praticantes de agility, estamos sempre correndo atrás do tão aclamado drive. Escolhemos os filhotes mais "drivosos", tentamos excitar, motivar, nos fazemos de verdadeiros palhaços para empolgar os cães porque acreditamos que isso produzirá um melhor resultado em pista.

Mas será? 

Isto não é uma pergunta retórica, mas sim, a pergunta que eu tenho me feito nos últimos tempos.

Eu queria uma Dory mais ou
menos
assim (e eu consegui)

Quando eu comecei a treinar a Dory, o meu grande objetivo era deixá-la extremamente motivada para o Agility. Me livrei de toda a minha vergonha e me tornei uma verdadeira louca para mantê-la entusiasmada com os treinos. É difícil lembrar uma época do passado com detalhes sem ser traído por nossas percepções, mas vou assumir que era isso que ela precisava naquele momento. No entanto, analisando hoje, acredito que meu maior erro tenha sido não perceber a hora de parar.



Os problemas surgiram quando fui retreinar a zona de contato da passarela e o slalom. Os treinos mais básicos sempre iam super bem, até o momento de adicionar mais velocidade ou condução. Minha cachorra ficava tão enlouquecida assim que percebia que sua 'mamãe-palhaça' estava para fazer uma aparição que se perdia em um surto completo de histeria.

De tão empenhada que eu estava em produzir um cão super hiper mega motivado, eu me esqueci de capacitar meu cão a pensar e resolver problemas enquanto estava super hiper mega motivado. 

Ou talvez, no desejo de ter um cão super motivado, eu tenha produzido um cão super excitado e confundido as duas coisas como se fossem uma só.

De qualquer forma, OPS!

Mais recentemente, ao treinar a Wish, me deparei com um problema diferente mas que me levou algum tempo para perceber que era exatamente igual. Os saltos dela finalmente estão na altura standard depois de um longo processo de treino muito gradativo. E eis que, mesmo depois de um processo tão slow motion, a cachorra começou a saltar das maneiras mais bizarras possíveis quando fazíamos uma pista. 

- p*rra -

Wish fazendo overjumping. Cabeça alta, cauda elevada
e um salto 30 cm mais alto do que o necessário.
Urgh.

Apesar de estar saltando super bem em situações controladas, a Wish ainda não estava - nem está - pronta para lidar com tudo isso em uma situação de euforia de uma pista. E quem é sempre a responsável por essa histeria epidêmica? A 'mamãe-palhaça', a mesma vilã do episódio anterior. Não é preciso dizer que a performance da canina melhorou instantaneamente assim que a ordinária condutora saiu de cena.


E essa foi a história de como eu, correndo atrás dos milésimos no cronômetro, me esqueci - duas vezes - de uma das lições mais básicas não só no treinamento de animais, como também no treino de alta performance. 

Para competirmos em alto nível nós precisamos de velocidade, mas também precisamos de precisão. É somente a junção das duas que irá criar a performance de ponta. 

Esses dois aspectos não devem ser treinados ao mesmo tempo. Um deve sempre vir antes do outro.



E eu vou falar mais disso, só que só no próximo post.
Porque eu sou dessas.


Um comentário:

  1. Estou me vendo nesse teu texto, ou melhor, eu e Higa Maggi. Como já conduzia a Loira quando Higa chegou, foquei apenas em preparar uma cachorra super motivada e pulei muitas etapas de uma base sólida. Resultado: Hoje, com cinco para seis anos é que estamos começando a nos encontrar. Coisas que só a experiência nos ensina.

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