27.8.11

Seleção por Consequências (ahn?)

          Eu vou guardar a história de verdade para outra ocasião. Uma ocasião especial. Ou não.


Hoje, eu vim falar de psicologia! Não sei se todo mundo sabe, mas eu sou graduanda de psico, estou no quarto semestre da faculdade. A história é comprida, mas resumidamente (e de forma bem pouco empolgante), conto para vocês que eu descobri minha grande paixão por Psicologia graças ao Pypo e ao agility.
Mas de onde veio essa idéia? As pessoas que mexem com cães normalmente acabam escolhendo fazer veterinária (que todo mundo pensou que eu ia fazer, até eu por um tempo!) ou até biologia. Mas como eu fui parar na Psicologia?  
Sorry, não vou contar nesse post! (pegadinho do malandro!)
Não vou contar, mas eu acho que será bem perceptível ao final do post que, por sinal, apesar desse enrolation inicial, não tem nada a ver com nada do que foi dito até agora!
Vamos a ele...! :)

Papo de psicólogo
O assunto de hoje é a base da teoria de psicologia que mais chama a minha atenção: a Análise do Comportamento. Como o nome sugere, a AC propõe analisar os comportamentos (dã) mas de uma maneira funcional e contextualista. Ou seja, olhar para os comportamentos e as situações em que esses ocorrem, suas causas e consequências.
De acordo com essa teoria, comportamento é a interação entre organismo e ambiente. Ou seja, ao olharmos e analisarmos o comportamento temos obrigatoriamente de olhar para a interação que está ocorrendo, para o contexto em que o comportamento ocorre! (Comentário agilístico: sabe aquele cão que faz tudo certinho em casa e na hora que vai para a prova ou para o parque não faz mais nada? Para a AC não significa que o cão é burro, teimoso ou mimado, mas que temos que olhar para o contexto desses erros e tentar descobrir através do contexto o que está errado!)
Mas como o contexto influencia as respostas do organismo?
Um psicólogo chamado B. F. Skinner propôs o modelo de Seleção por Consequências. De forma análoga ao modelo de seleção natural de Darwin, os comportamentos seriam selecionados pelas conseqüências que produzissem no ambiente. Aqueles comportamentos que produzissem boas conseqüências seriam repetidos mais vezes no futuro. Enquanto aqueles que produzem conseqüências ruins seriam pouco emitidos. Em outras palavras, as conseqüências modelariam os comportamentos de maneira a adaptar o animal ao ambiente em que esse se encontrava.
Exemplificando:
Vamos supor um cãozinho preto. Esse cãozinho está em sua aula de agility aprendendo o obstáculo túnel. Durante o treino, ao passar pelo obstáculo, o cãozinho é premiado com petiscos, brinquedos e carinho! Assim, o cão começa a passar mais vezes, cada vez precisando de menos ajuda, porque recebe várias consequencias boas ao fazê-lo!
foto daqui
Vamos supor o mesmo cãozinho. O cãozinho está a passear livremente na sua escolinha quando resolveu explorar uma caixa. Ele entra na caixa, fica cheirando, quando seu dono percebe e, aproveitando a oportunidade, fecha a porta da caixa para deixar o cãozinho descansar. Só que nesse caso o cãozinho não queria ficar preso, ele queria explorar! Resultado: nas próximas vezes, ao explorar, o cãozinho vai tomar cuidado para não entrar na caixa!
Assim, o cãozinho se tornou mais adaptado ao seu meio e está se adequando a ele. Ele passa por túneis quando vê os túneis e passa longe das caixas (mesmo que isso seja um problema para o dono, foi isso que o cãozinho aprendeu com sua história de vida!).

Papo de agiliteiro

Acho que o pessoal já deve ter notado de onde eu tirei essa idéia de fazer psicologia depois que Pypoca e o agility entraram na minha vida! J E como sou agilista e graduanda em psicologia, o blog vai caminhar por aí.
Agora voltando ao papo de agiliteiro. Quis dividir,e vou continuar dividindo, esses pedaços de psicologia com vocês porque espero que a maioria goste, mas também, mais que isso, quero deixar todos mais nóias ainda!! :) Nóias em um bom sentido, claro! (é sério!)  
O meu exemplo de consequenciação ruim tem muito a ver com isso. É bem comum no convívio com cães, ou pessoas, que nós não percebamos que estamos punindo um comportamento desejável ou reforçando um comportamento que não gostamos.

É o caso do dono que pune o cachorro por entrar na caixa, mesmo que no futuro, tudo que esse dono espera é que se cão entre na caixa ao ser solicitado e goste de permanecer lá. Ou do dono que chama o cão 300 vezes e o cão não vem, mas na 301a vez quando o cão decide vir, o dono o recompensa. Não digo que o dono deveria brigar com o cão (nesse caso ele estaria punindo um comportamento desejável!!), mas ao recompensá-lo, o dono está ensinando ao cão que ele pode ignorar o chamado pelas primeiras 300 vezes, ele pode ignorar que será recompensado depois de qualquer jeito.

O grande X da questão é que quando pensamos por esse modelo, especialmente com animais não-verbais, temos de aceitar que o cão está fazendo o que foi treinado para fazer. Seu cão erra é porque ele foi treinado para errar. Talvez não pelo dono diretamente, mas pela vida ou por quem quer que seja.
Na faculdade costumamos brincar que " o sujeito tem sempre razão", seja esse sujeito de pesquisa um rato, um pombo ou uma pessoa. Se ele está se comportando assim, é porque tem bons motivos para isso (mesmo que não perceba conscientemente - assunto para outro post!!).
Por isso, vou trazer essa brincadeira para cá. Agiliteiros de plantão, lembrem-se:
o cão tem sempre razão! 
Assim sendo, o objetivo desse post é trazer os agilistas para mais perto do treinamento de seus cães. (alerta de vírus: para quem já conhece o vírus do agility, fica esperto, esse é da mesma família). Ao treinar seu cão, preste atenção, será que você está reforçando aquilo que você espera do seu cão? Será que não está punindo respostas adequadas?
Vamos olhar para o que sempre esteve ali para ser olhado, mas da próxima vez, com novos olhos! A análise do comportamento já fez muito pelo adestramento de cães e o Cão Preto vai divulgar e (tentar) expandir todo esse trabalho!



Novos olhos enxergam novos horizontes! *






* perdi o endereço do qual roubei essa foto. DireitosautoraisFAIL.

4 comentários:

  1. Muito, muito, MUITO bom seu texto.
    Tem algumas coisinhas que eu corrigiria, e você pediu pra ser sua crítica literária, então vou te corrigir. Mas não por aqui, falo com você depois.
    Acho que esse tipo de texto é muito importante pra ajudar a conscientizar pessoas. Muito mesmo.
    Depois vou falar com você direito, mas vou divulgar no meu blog, ook? :)

    Beijos!
    Malu
    www.animaisenadamais.blogspot.com

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  2. Maravilhoso!! :) Muito interessante! Continue com seus posts pois já virei fã de carteirinha!

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  3. Curti!!
    E foste recomendada pela Grande Sara Favinha!
    Beijos de Luz!

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  4. Muito legal!!
    Eu acho super interessante psicologia,
    por favor continue com os posts!
    Parabéns!!

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