27.10.12

Dilemas éticos na criação de cães - parte 1

Pensar sobre criação de cães é uma das coisas que eu mais gosto de fazer. Isso porque conflitos éticos podem ser bastante interessantes de se refletir sobre (especialmente quando você não tem interesses envolvidos, isso ajuda, hehe).

A ideia hoje não é oferecer qualquer tipo de resolução, apenas food for thought. Coisas que eu penso e que eu queria que fossem mais pensadas.

O primeiro dilema ético não é o mais popular, mas é o mais básico. Geralmente ele é descartado rapidamente, mas quase sempre sem resposta. Eu me refiro a criação no seu aspecto mais objetivo, o de criar, o de produzir mais vidas caninas.

A quantidade de cães de rua no nosso país é bastante alarmante. Esses animais representam um problema social por diversos motivos, além de não possuírem as condições mínimas para bem-estar e conforto, são inimigos da saúde e segurança pública. 

E é nesse problema social que se encontra o primeiro dilema ético do criador de cães ou do simples dono que resolve produzir uma ninhada. Qual a justificativa para se produzir mais cães se o país não dá conta do número de cães que possui? E mais, ainda que o Brasil não tivesse problemas com a superpopulação dos animais de rua, quais as responsabilidades do criador para com os animais que produziu?

Na minha concepção, a reprodução de animais domésticos é sempre efeito da atitude (ou da falta de, em alguns casos) do proprietário desses animais. Desse modo, quando um ser humano decide produzir cães, ele é diretamente responsável por eles. Pela sua existência, pela sua sobrevivência e pelo seu bem-estar e conforto. Se esses animais serão felizes ou se sofrerão (ou se estarão em qualquer lugar desse espectro), essa possibilidade só existe porque alguém decidiu produzi-los. 

Isso considerando toda ideia de posse responsável. Se seu cão morde alguém, a responsabilidade é sua. Se ele produz descendentes, a responsabilidade também é sua.

Temos aí o segundo dilema ético da criação de cães: a produção responsável. Ao cogitar criar uma ninhada, o proprietário está disposto a se responsabilizar integralmente pelo futuro desses animais?

Nesse primeiro momento em que a criação aparentemente está contribuindo com o problema da superpopulação, que tipo de responsabilidade cabe ao criador? Qual o papel social do criador de animais? E mais, que tipos de medidas podem ser tomadas para a reversão desse conflito? Elas cabem ao criador (e ao simples proprietário)?



2 comentários:

  1. Acho que o criador tem SIM uma responsabilidade social a cumprir, e é a de EDUCAR os donos. Tenho alguns amigos criadores e mesmo que não vendam todos os filhotes castrados, eles criam um vinculo com a pessoa que compra seu filhote, assim quando a pessoa quer cruzar o cão, o criador dá todo o apoio, ensina ao proprietário como fazer exames de saúde, ajuda na escolha do macho, ajuda na venda dos filhotes e vende eles como se fossem do seu próprio canil, garantindo assim que os filhotes daquele primeiro filhote também estejam bem encaminhados.
    O criador não é só um colocador de filhotes no mundo, mas sim um educador. Bons criadores tem bons sites, informativos sobre a raça e sobre a posse responsável no geral. Essa é a responsabilidade do criador antes de vender o filhote.
    Depois de vender o filhote, o criador ainda tem a responsabilidade de estar sempre disponível e acessível quando o filhote tem problemas, sejam de comportamento ou de saúde, ou até mesmo, principalmente, se a família precisar de desfazer do cachorro.

    ResponderExcluir
  2. Nos EUA quando há um cruzamento o canil responsável deve autorizar este, e contestar se não estiver de acordo. Concordo com essa atitude porque assim tornam se responsáveis pelas ninhadas sabem com quem estão e aonde estão e se confirmará as próximas subsequentes. Levando em consideração estrutura e padrão para que seja seguido essa conformidade.

    ResponderExcluir

Área livre para resmungos. A gente até libera, mas odeia anônimos.