Podemos aprender a ensinar melhor se prestarmos atenção a nossas próprias dificuldades durante um aprendizado.
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Nesse período de férias resolvi aprender um novo esporte. Melhor gastar o tempo ocioso com atividades físicas, é o que dizem. Só pra efeito de curiosidade, o esporte escolhido foi o tênis.

Hoje, foi diferente. Antes da minha oitava aula, procurei todas as desculpas plausíveis para poder faltar. Sem nenhuma em mão, eu fui pra aula. Mas o simples fato de que eu tentei escapar não podia ser ignorado (não por mim, pelo menos) e eu passei todos os 50 minutos da aula tentando entender o por quê dele.
Achar o por quê não foi difícil. Visto que foi, de longe, uma aula extremamente frustrante. Tentar descobrir porque, em tão pouco tempo, o esporte deixou de ser divertido e fácil para se tornar frustrante e estressante, foi um pouco mais difícil, mas eu consegui.
O mais irritante de tudo era o fato de que eu simplesmente não conseguia acertar por muitas tentativas. A taxa de acerto beirava os 50% se eu deixasse o critério beeeem frouxo. Não fazia questão que a bolinha caísse dentro da quadra, desde que eu acertasse o movimento... nem isso estava funcionando. Mas o que aconteceu pra, de repente, eu estar indo super bem e cair tanto?
Eu bolei uma hipótese.
Nas aulas anteriores eu estava acertando super bem os movimentos, de direita e esquerda. Mas, obviamente, a dificuldade dessas jogadas não eram muito altas. O professor sempre mandava as bolas com a mesma velocidade e fazia elas caírem aproximadamente no mesmo local, só variava os lados. Eu acertava a grande maioria.
Nas duas últimas aulas, os locais em que ele jogava a bolinha começaram a variar muito. Bolas longas, curtas, eu não podia prever o lado que ele iria jogar, etc. Toda minha habilidade desmoronou. Eu não conseguia mais acertar os movimentos. Toda técnica e precisão que eu tinha adquirido, se perderam num instante.
E o que é pior, eu perdi a motivação e a vontade de jogar.
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O objetivo desse post não é contar a minha trajetória dentro do tênis, mas sim, dividir com vocês algo da minha experiência que é muito importante lembrarmos quando formos ensinar qualquer habilidade seja a um aluno humano ou canino.
Durante o "shaping" do meu comportamento, o professor optou por estratégias de treino que não contribuíram para a minha aprendizagem e diminuíram a minha motivação em relação ao esporte. Foram elas:

2- insistir no nível de dificuldade e não voltar um pouco atrás e nem revezar entre bolas difíceis e fáceis para que eu pudesse continuar sendo reforçada.
E ao fim de 50 minutos, eu não tinha a menor vontade de fazer uma próxima aula.
Lembrem de mim quando forem treinar seus cães.
Se seu cão aprendeu a fazer um novo obstáculo, por exemplo, não o jogue direto em uma sequência longa, cresça a dificuldade aos poucos. Será mais educativo e menos frustrante.
Se seu cão aprendeu a fazer o "2on2off" enquanto você corre ao lado dele, não espere logo de cara que ele acerte com você disparando na frente ou ficando para trás. Cresça a dificuldade aos poucos.
Errar não deve ser um problema. Meu professor não briga comigo quando eu erro, e nem eu comigo mesma, simplesmente espero a próxima bola e tento acertar. Mas é importante que criemos situações em que nossos cães tenham uma chance real de acertar. Assim como é importante que meu professor faça isso por mim porque, honestamente, ninguém consegue aguentar uma sessão inteira só de erros. Nem eu, nem nossos cães.