29.10.12

Voltar ao treino de fundamentos?

Com o próximo campeonato Brasileiro a caminho, resolvi que estava na hora de voltar atrás e rever algumas conceitos fundamentais com a Dory.
As curvas da Dory podem ser muito curtas mas hoje em dia, por exemplo, elas só o são quando eu estou ali para ajudar e cobrar. Acredito que podemos fazer melhor que isso.
Enviei uma mensagem a uma treinadora de agility com uma dúvida, meu email terminava mais ou menos assim: "você acha que eu devo voltar atrás e treinar mais os fundamentos?"
Eis que ela responde, muito brevemente, mas com muita sabedoria:

"Treinar fundamentos nunca é voltar atrás."


As implicações dessa curta frase são tão grandes que eu tenho dificuldade de saber por onde começar. E conhecendo o trabalho da autora da frase, sei que ela acredita que toda boa performance no esporte é efeito de um eficiente e contínuo programa de fundamentos.

Ao invés de fazer um post longo sobre o que eu penso em relação a isso, acho que deixarei apenas a frase solta no ar. O que vocês pensam sobre isso? O que é e para que serve o treino de fundamentos?








Ah! Quem me disse isso foi a Silvia Trkman.

27.10.12

Dilemas éticos na criação de cães - parte 1

Pensar sobre criação de cães é uma das coisas que eu mais gosto de fazer. Isso porque conflitos éticos podem ser bastante interessantes de se refletir sobre (especialmente quando você não tem interesses envolvidos, isso ajuda, hehe).

A ideia hoje não é oferecer qualquer tipo de resolução, apenas food for thought. Coisas que eu penso e que eu queria que fossem mais pensadas.

O primeiro dilema ético não é o mais popular, mas é o mais básico. Geralmente ele é descartado rapidamente, mas quase sempre sem resposta. Eu me refiro a criação no seu aspecto mais objetivo, o de criar, o de produzir mais vidas caninas.

A quantidade de cães de rua no nosso país é bastante alarmante. Esses animais representam um problema social por diversos motivos, além de não possuírem as condições mínimas para bem-estar e conforto, são inimigos da saúde e segurança pública. 

E é nesse problema social que se encontra o primeiro dilema ético do criador de cães ou do simples dono que resolve produzir uma ninhada. Qual a justificativa para se produzir mais cães se o país não dá conta do número de cães que possui? E mais, ainda que o Brasil não tivesse problemas com a superpopulação dos animais de rua, quais as responsabilidades do criador para com os animais que produziu?

Na minha concepção, a reprodução de animais domésticos é sempre efeito da atitude (ou da falta de, em alguns casos) do proprietário desses animais. Desse modo, quando um ser humano decide produzir cães, ele é diretamente responsável por eles. Pela sua existência, pela sua sobrevivência e pelo seu bem-estar e conforto. Se esses animais serão felizes ou se sofrerão (ou se estarão em qualquer lugar desse espectro), essa possibilidade só existe porque alguém decidiu produzi-los. 

Isso considerando toda ideia de posse responsável. Se seu cão morde alguém, a responsabilidade é sua. Se ele produz descendentes, a responsabilidade também é sua.

Temos aí o segundo dilema ético da criação de cães: a produção responsável. Ao cogitar criar uma ninhada, o proprietário está disposto a se responsabilizar integralmente pelo futuro desses animais?

Nesse primeiro momento em que a criação aparentemente está contribuindo com o problema da superpopulação, que tipo de responsabilidade cabe ao criador? Qual o papel social do criador de animais? E mais, que tipos de medidas podem ser tomadas para a reversão desse conflito? Elas cabem ao criador (e ao simples proprietário)?